O orgulho de ser "comando"

Sim, meu filho. És o meu orgulho e a minha melhor obra. Eu sabia que eras teimoso e que nada te faria desistir desde o dia em que te vi pela primeira vez saído do meu ventre.

 Lá da terra todos te mandam abraços e a tia Adelina mandou-te um bocado de presunto e pão da última fornada...porque te achou magro como uma estaca dos feijões, na última vez que te viu.

 Ninguém entende porque quiseste tu aqui ficar, nem porque continuaste a deixar o teu corpo macerado de espinhos de cardo...mas já sabem que nesta tropa são todos “doudos”!

Sim “doudos”...mas, a verdade seja dita,valentes como não há em mais lado nenhum, também.!

 Ai meu Deus, como se me acelerou o coração quando te vi marchar com a arma cruzada no peito! Como tremeu o chão nas pisadas fortes das vossas botas! Como luziam no meio das fardas essas rubras boinas que tu dizes ser o teu maior tesouro!

 E aquele esmalte de quinas no teu peito...tão pequeno, quase um nada...e eu vi, mesmo de longe , que te conheço tão bem...que mordeste o lábio para não chorar quando to deram, meu filho.

 Foi por isso? Por esse nada que dizes ser TUDO?

 És o meu maior orgulho, meu filho. E se tu o dizes, acreditarei em ti, porque esse tal de “Código” que dizes em reza, não te deixa mentir.

 És, orgulhosamente Comando.

 E se o és, mesmo que eu o não queira...vai.

 Vai sim, meu adorado filho e cumpre o teu Dever.

 E volta! Volta sempre para os braços que te esperam.

 Um beijo.

 Mãe.

 

Foto de:      Autor desconhecido

 

Texto de :     Elisabete Gonçalves