segunda-feira, 15 de março de 2010

PROVA DE ORIENTAÇÂO (parte 1)


PROVA DE ORIENTAÇÃO

Em virtude de o texto ser muito grande decidi dividi-lo para criar suspense aos leitores .

No próximo mês de Agosto completar-se-ão trinta e nove anos, sobre a data em que aconteceram os factos que hoje vos vou relatar.
Tantos anos depois, é natural que alguns dados relativos aos nomes dos locais onde se desenrolaram, não estejam já bem claros na minha memória, mas isso não invalida a veracidade de toda esta história. Por isso, arrisco dizer que tudo se passou na zona de Monbaça/Zenza. Se assim não foi, por favor avivem-me a memória.
Não vou colocar nomes nas personagens, para não ferir susceptibilidades de ninguém, mas gostaria de receber comentários caso algum dos leitores tenha, para além de mim próprio, sido um dos protagonistas.
Era um dia de instrução como muitos outros que já havíamos passado. Nada o fazia prever, mas o facto é que já a meio da tarde, meteram os instruendos do grupo de “Oficiais” num Unimog com capota (ou seria mais do que um?). Vários quilómetros e muitos minutos depois, após um percurso feito “às escuras” a viatura parou. Não estou seguro mas parece-me que terá sido o Furriel Praça, quem chamou um a um os cinco elementos do grupo em que fiquei integrado.
Descemos da viatura, recebemos meia ração de combate cada um, e um azimute (direcção) a seguir. O objectivo era alcançar a corta mato umas pedreiras onde estariam á nossa espera. Fomos informados de que o recorde deste percurso era de duas horas, e os nossos esforços deveriam conduzir a uma redução do tempo necessário para concluir a tarefa.
Recebemos também para além de uma bússola, um envelope fechado contendo instruções, que só deveríamos abrir em caso de força maior. A sua abertura corresponderia a uma penalização na classificação final.
Solicitaram a entrega de cigarros, fósforos e isqueiros e… Boa sorte!
Seriam cerca das quatro da tarde quando nos embrenhámos na mata, tentando numa luta contra o tempo chegar ao local indicado o mais rápido possível. Pouco tempo depois surge a primeira adversidade na forma de uma zona de “feijão maluco”que fomos obrigados a atravessar, e todos nós sabemos a coceira que aqueles malandros provocavam no corpo. Depois de ultrapassada a primeira dificuldade, e ainda a sofrer os seus efeitos, começamos a dar conta que o sol havia já perdido muito do seu fulgor.
Decidimos então parar um pouco para comer a já bem merecida ração, aproveitando também para retemperar as forças.
Se o recorde era de duas horas, mesmo que demorássemos um pouco mais (e já todos nós começávamos a admiti-lo) amanhã de manhã estaríamos na pedreira, onde certamente não faltaria algo para “matabichar”. Logo, ninguém teve intenção de poupar a ração recebida, e o resultado foi que apenas algumas latitas ficaram perdidas no fundo dos bolsos dos camuflados.

Augusto Fonseca

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