quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Carta aos nossos filhos

Estava eu no IPO com a minha mulher há espera de uma consulta para ela, e deparei com um pequeno jornal numa das cadeiras,e resolvi dar uma vista de olhos. Li um artigo que me chamou atenção e por isso vou aqui partilhar convosco.

"VIVER e SOBREVIVER "

As pessoas querem permanecer sempre jovens.Mas a realidade é esta:a vida humana tem um ciclo:infância,juventude,idade adulta e velhice.
Querido filho:
No dia em que me vejas velho,por favor tem paciência e compreende-me.Quando sem querer deixar cair comida na roupa ou na toalha ou me esqueça de atar os sapatos, tem paciência e lembra-te das horas que passei a ensinar-te a não fazer as mesmas coisas.
Se ,quando conversas comigo,repito as mesmas histórias e sabes de cor como terminam,não me interrompas e escuta-me.Quando eras pequeno, para dormires, tive de contar-te mil vezes as mesmas histórias.
Quando me vires inutil e ignorante perante as novas tecnologias,suplico-te que me dês todo o tempo necessário para me ensinares o essencial. Lembra-te que foi eu que te ensinou tantas coisas.Ensinei-te a enfrentares a vida com optimismo,esforço e perseverança.
Quando em algum momento me esqueça daquilo de que estavamos a falar,dá-me o tempo necessário para que me lembre e não percas a paciência.Mais importante aquilo de que falavamos,é o meu desejo de sair da minha solidão e estar na tua companhia.
Compreende que não tenho já tantos dentes para comer,nem paladar para saborear os alimentos.E quando as minhas pernas falharem por não poder andar ao teu ritmo,dá-me a tua mão para eu me apoioar,como eu fiz quando tu eras criança frágil e te ensinei a andar.
Procura compreender a diferença entre viver e ir «sobrevivendo».Quis e quero o melhor para ti. Preparei os caminhos que precisaste de percorrer,e te deram, muitas alegrias.Ajuda-me a percorrer esta ultima etapa da minha peregrinação nesta vida,para que o faça vivendo dignamente.Até ao fim,quero viver e não sobreviver.
Não te sintas triste quando vires que o meu corpo se vai desfigurando com rugas e doenças.Com o teu bom humor,acorda em mim a alegria de viver.Se é verdade que exteriormente me vejas velho,interiormente sinto-me jovem e com uma esperança que me vem da fé:depois deste Inverno, que é a minha velhice,virá uma eterna Primavera.

artigo extraido do jornal "Cavaleiro da Imaculada"

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