Embora levasse do centro a mais perfeita preparação teórica, na prática gelei um pouco frente á enfermaria onde melodia desafinada e a muitas vozes, deixava «nó na garganta».
Seringas e troncos, pedras e chão. Serviam de apoio aos corpos vencidos vivendo miragens das cascatas cantantes:
Vi.
Ouvi.
Gravei. Gravei o delirio do Cristovão, soube da preocupação, da falta de graxa nas botas........
Dei água ( ás escodidas. Perdão .....) a lábios-chaga que eram mais chaga que lábios ......
Ouvi os gritos roucos do Mário com o estômago-espasmo e subconsciente livre ........
Um no meio de tantos e como tantos, entre lágrimas e sugidade, desmaiado parecia sorrir aos comprimidos de sal .....
Palma, do «G1» cai que não cai ( e não caiu)tal era a força grandiosa do seu QUERER. De ouro foram seus passos-tanque, que pesados como o Mundo cambaleantes como giestas.
Robles insatisfeito, exigente, um dois flexão a esquerda, flexão á direita, levanta,abaixa ....vamos lá aguentar a arma rotação insistir, vamos lá meus senhores, outra vez um dois três quatro .......
Nunca uma camioneta serviu de ginásio ....
João Pedro,«gosava».....já desistiu já, AH!!mas quer ser COMANDO.....em que encarnação «nosso alferes» ?Só me sai disto .......
Médico-gente mais gente que médico duro, tal como a situação, que dava tudo.....não dando nada .....
A noite ficara já mesmo noite. A escuridão e a humidade invadiam acampamento e corpos. Nem sequer a goma do meu camuflado me protegia um pouquinho mais tendo em conta que era «maçarica»!!!!
O oficial da "Psico" que me acompanhava não passou despercebido pelo mais ligeiro pormenor.
Fiquei a conhecer metro por metro, táctica por táctica.
Sabia ter assistido a fim de dia infernal necessitava arranjar forças para amanhã que prometia.....
Não fosse a saborosa E3 (ração de combate) fiz umas trocas «bestiais»dobradinha por pasta de figado, feijão por salada de frutas -e depois o café-água quentinha em copos«vidro-aluminio» (obrigado meu comandante)eu diria que tinha sido um dia dos diabos.....
O acampamento era silêncio, os fisicos estavam vencidos, os espiritos confusos. Do alto da minha camioneta-cama pensava em que cidades-guerras haveria de existir edital, estatuto , lei que obrigasse todo o cidadão a sentir o respirar da guerra.
Na guerra haveria mais paz.
A gente seria mais gente. Mais humana.
Fiquei com noite inteira para aprender a escutar a voz da noite!
FOI LINDO O DORMIR DA NOITE ......
Maria (Maria Elvira Cardoso) foto
Texto extraido da revista "COMANDOS"nº6 publicada em Setembro de 1973
P.S. depois conto-te .
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