40 Anos Depois
No passado dia 29
de Junho de 2012 realizou-se, na parada do Centro de Tropas Comandos, uma
cerimónia militar integrada no Dia dos Comandos e este ano comemorativa do 50º
Aniversário da criação dos primeiros grupos especiais no CI21 em Zemba-Angola.
Esta cerimónia,
presidida por sua excelência o Presidente da República, Prof. Dr. Aníbal Cavaco
Silva, na qualidade de Comandante Supremo das Forças Armadas, que se fazia
acompanhar pelo Ministro da Defesa, pelo Chefe do Estado Maior General das
Forças Armadas, pelo Chefe do Estado Maior do Exército, pelo General Ramalho
Eanes e por muitos outros oficiais generais e altas individualidades civis e
militares , teve como pontos altos do programa a entrega do crachá e boina aos
novos Comandos que terminaram o 119º Curso de Comandos e a imposição de
condecorações aos Guiões de algumas Companhias de Comandos, assim distinguindo
a forma como atuaram na Zona Militar
Leste, em Angola, no período de 1971 a 1973.
Do discurso
proferido pelo Comandante do CTC, Coronel "CMD" Pedro Gonçalves
Soares, e quando se dirigia aos militares que iam receber a boina e o
crachá, salientamos:
"... Mostrai-vos agora dignos de ostentar tão ilustres insígnias, de
honrar a herança daqueles que, alguns com o sacrifício da própria vida,
escreveram a ouro as páginas da nossa história. Mostrai-vos, em permanência, dignos de ser Comandos..."
Seguidamente o
Presidente da República, dirigindo-se às tropas em parada e a todos os
presentes, referiu:
"...Pretendo, como Comandante Supremo das Forças
Armadas, prestar nesta data uma justa homenagem aos militares “Comando” que
serviram com audácia e abnegação a nossa Pátria, e distinguir o seu relevante
contributo para a defesa dos valores da liberdade e da democracia..."
"... fazendo do militar “Comando” um soldado de exceção,
exemplo maior de valor militar, valentia em combate, coragem, sangue-frio e
serena energia debaixo de fogo..."
Foi com sentida emoção que assistimos à imposição da
Cruz de Guerra de 1ª Classe no Guião da 33ª Companhia de Comandos, por sua
Excelência o Presidente da República tendo como testemunha e guardião o Major
General "CMD" Arnaldo José Ribeiro da Cruz, ao tempo Comandante da
Companhia.
Diz o Despacho proferido pelo Chefe do
Estado Maior do Exército, General José Pinto Ramalho, em 24 de Novembro de 2011
e publicado na Ordem do Exército nº 01/31 de Janeiro de 2012:
" Louvo a 33.ª
Companhia de Comandos, porque durante a comissão de serviço prestada na
ex-Região Militar de Angola nos anos de 1971 a 1973, mercê de uma
extraordinária preparação física, técnica e psicológica, qualidades estas
sobejamente evidenciadas em combate, demonstrou extraordinário espírito de
sacrifício e elevado sentido do dever.
Unidade coesa, com cuidada preparação e
excecional enquadramento, constituída por pessoal dotado de atitude determinada
e muito aguerrida, conseguiu superar o intenso ritmo operacional com galhardia
e sem desfalecimentos.
Nas operações em que participou, algumas de
duração superior a um mês, infligiu ao inimigo mais de centena e meia de
mortos, feridos e prisioneiros, capturando-lhe 69 armas individuais e
coletivas, granadas, minas, explosivos e demais equipamento, destruindo ainda
um apreciável número de objetivos, alguns com organização defensiva.
É de salientar a sua atuação nas operações
“EXPURGAR”, “PRESSÃO’’, “ÁTILA”, “ROJÃO” e “MONÇÃO” em que enfrentou grupos
inimigos de efetivos superiores aos seus “grupos de combate”, por vezes
instalados defensivamente em abrigos e trincheiras, e com superior potencial de
fogo, revelando coragem, decisão, valentia, serena energia debaixo de fogo,
iniciativa, sangue frio e o mais valoroso espírito de missão.
Utilizando quer assaltos frontais, quer
ardilosas manobras, obteve assinaláveis êxitos, principalmente nas operações
“Átila” e “Rojão”, com a notável particularidade de intervir em violentas ações
de fogo e ter terminado a sua atividade operacional na RMA sem qualquer baixa
verdadeiramente grave.
Por todas as qualidades apontadas, a 33.ª
Companhia de Comandos constitui-se como uma das mais notáveis sendo merecedora
do apreço do Exército e da Nação que honrou e serviu com rara dignidade,
nobreza e dedicação.
O Chefe do Estado-Maior do Exército, José Luís Pinto Ramalho,
General."
40 Anos depois fez-se História.
Graças ao esforço, ao trabalho e
dedicação de alguns, foi possível limpar da poeira dos tempos e recuperar,
reconstituir e autenticar processos e dossiês que tinham sido lançados para o
fundo das gavetas e dos arquivos e condenados ao esquecimento por via do
desinteresse ou da negligência e também por inconfessáveis razões de ordem político ideológica, por
vezes interessadas em fazer varrer da História o valor e desempenho daqueles
que, em conturbados momentos da História deram o melhor de si mesmos pela Pátria,
quando chamados a servir em situações de combate.
40 Anos depois fez-se História e uma vez
mais os nossos filhos e netos puderam comprovar o quanto dignificante e
prestigiante foi a atuação e a presença dos seus pais e avós naquelas chanas e
florestas da longínqua e tão amada Angola.
40 Anos depois fez-se História e todos
nos continuamos a sentir verdadeiramente orgulhosos por termos cumprido a
Missão e termos servido na 33ª Companhia de Comandos.
MAMA SUMAE.
António Neves
TCor "CMD"
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